A pesquisa sobre o histórico do prédio da Red Bull foi um dos starts para entender melhor a questão da ex-subestação de energia que aqui se situava. Em cada atelier havia um gerador resultando em um possível ultra campo eletromagnético localizado ao redor de cada um deles. A pesquisa com a sonoridade dos rádios como captadores e "visualizadores" ou sonificadores de campos eletromagnéticos se empobreceria muito caso esse histórico não fosse levado em consideração. A partir dessa pesquisa, interessantes fatos foram revelados sobre a presença da Light em São Paulo em seus primórdios, além da constatação que desde 1930 a cidade já era considerada um ostensivo exemplo de gasto de luz e energia.
São Paulo Trainway Light and Power
Em
7 de abril de 1899,
em Toronto, no Canadá, foi fundada a empresa que em 17 de julho do mesmo ano, foi autorizada, por decreto do
presidente Campos Salles, a atuar no Brasil. Sua atuação em São
Paulo começou no mesmo ano, através da construção da
Usina Hidrelétrica
Edgard de Sousa em
Santana de Parnaíba, concluída em 1901. Posteriormente, então
conhecida somente como Light São Paulo a empresa entra em franca
expansão, passando a operar todos os serviços de geração e
distribuição de energia elétrica, iluminação e os serviços de
bondes elétricos do município de São Paulo, uma revolução para a
época, quando havia apenas bondes puxados a burro.
Entre
1900 e 1930, a Light São Paulo realizou inúmeras obras de expansão
dos serviços de energia elétrica na capital de São Paulo e
municípios vizinhos, construindo em 1908 a represa
de Guarapiranga e
usinas hidrelétricas, como Edgard de Souza e Rasgão, localizadas
no Rio
Tietê,
em Santana do Parnaíba, a 40 quilômetros da capital. Eram obras
necessárias para acompanhar o crescimento econômico e populacional
da cidade e arredores além do consecutivo aumento do consumo de
energia elétrica.
A Light durante seu período áureo era acusada de sufocar concorrentes, como a Companhia Água e Luz, principalmente depois que a Câmara Municipal concedeu a ela o monopólio de todos os serviços elétricos da cidade. No auge da atuação da empresa em São Paulo ela recebeu um apelido satírico, crítico a influência da empresa, que era “Sao Paulo Light & Too Much Power” ou “São Paulo Luz e Poder Demais”. Ainda hoje, pais e avós, que viveram na época da Light, reclamam das elevadas contas de energia elétrica atuais dizendo "vocês acham que eu sou sócio da Light?", numa prova de que o nome da empresa extinta ainda é forte no inconsciente coletivo paulistano.
Aqui tem interessante artigo analisando o monopólio da Light nesse período, dando inclusive insights bem importantes relativos ao uso dos rios e bacias hidrográficas de SP como o próprio Tietê para esgoto, energia e transportes. Questões que desde a época (1900-1920) eram bem polêmicas e causavam prostestos da população.
http://ensaiosfragmentados.blogspot.com.br/2010/05/analise-sao-paulo-tramway-light-and_21.html
Aqui tem interessante artigo analisando o monopólio da Light nesse período, dando inclusive insights bem importantes relativos ao uso dos rios e bacias hidrográficas de SP como o próprio Tietê para esgoto, energia e transportes. Questões que desde a época (1900-1920) eram bem polêmicas e causavam prostestos da população.
http://ensaiosfragmentados.blogspot.com.br/2010/05/analise-sao-paulo-tramway-light-and_21.html
Em
meados da década de 1940, a Light São Paulo encerra os serviços de
transporte público por meio de bondes elétricos, repassando-os à
prefeitura de São Paulo, através da CMTC,
que extinguiria o serviço de bondes no fim dos anos 1960.
Na
década de 70 o contrato de concessão da Light com o governo
federal, válido por 70 anos, expirou. A Light de São Paulo foi
adquirida pelo Governo do Estado de São Paulo em 1981 e renomeada
para Eletropaulo.
Subestação Riachuelo / Red Bull Station
Em
1926 a empresa decidiu criar uma nova subestação na Cidade de São
Paulo para gerenciar a distribuição de energia para os bondes do centro da cidade. O local escolhido foi onde hoje é o encontro da Avenida 23 de
Maio com a Rua Santo Amaro, bem do lado da Praça da Bandeira. Logo
depois de ser inaugurada a unidade passou a ser conhecida como
Subestação Riachuelo, em alusão a Rua Riachuelo. O prédio ficou abandonado dos anos 2000 até 2012.
Em
2000 o Conpresp tombou a fachada do imóvel, para evitar uma
descaracterização ou demolição e desde então ele recebeu muito pouca atenção da
concessionária de energia, raramente recebendo pintura, sendo alvo
de pichações e tendo boa parte de seus vidros quebrados. Os fundos
da subestação se tornaram local de abandono de gatos e por muitos anos
dezenas deles eram vistos por lá ou na calçada (inclusive o sumiço
abrupto dos gatos quando declarada a revitalização do prédio é um
mito urbano na região, ninguém sabe o que aconteceu).
Em 2012 o prédio foi comprado pela Red Bull e após reforma pelo escritório de arquitetura franco-brasileiro Triptyque se transformou na Red Bull Station, projeto cultural da marca que abriga residências artísticas, exposições, estúdio de música e diversos projetos artístico-gastronômicos-musicais.
Fontes:
http://www.saopauloantiga.com.br/subestacao-riachuelo/